Platycnemididae

As espécies deste género distinguem-se sobretudo pela dilatação das tíbias das suas patas médias e posteriores. A forma da cabeça e as células quadrangulares a ocuparem toda a área de asa são características distintivas da família. A família está representada na Europa por um género (Platycnemis) do qual fazem parte 3 espécies. Em Portugal estão descritas 2 espécies: Platycnemis accutipennis e Platycnemis latipes.


Platycnemis accutipennis Selys, 1841
(Orange Featherleg; L’Agrion orange; Rote Federlibelle)
Identificação: Esta espécie é facilmente reconhecida pelo contraste da coloração alaranjada do corpo com a cor azul dos olhos no macho. As tíbias das patas médias e posteriores são menos dilatas que noutras espécies do género. Na fêmea a parte superior do pronotum possui lateralmente um par de dentes.
Comprimento Total: 34-37mm
Comprimento Abdómen: 24-28mm
Comprimento Asa Posterior: 18-19mm
Habitat: Cursos de água corrente com velocidade de corrente alta ou média.
Período de Voo: De Março até ao final de Junho.
Distribuição Mundial: Endémica da Península Ibérica e de França.

Platycnemis acutipennis macho

Platycnemis latipes (Rambur, 1842)
(White Featherleg; L’Agrion blanchâtre; Weisse Federlibelle)
Identificação: A espécie é facilmente reconhecida pela cor esbranquiçada dos seus corpos e pelas patas que possuem tíbias bastante dilatadas, totalmente brancas ou com um fino traço preto.
Comprimento Total: 33-37mm
Comprimento Abdómen: 25-30mm
Comprimento Asa Posterior: 18-22mm
Habitat: Cursos de água corrente com velocidade de corrente baixa, como os grandes rios.
Período de Voo: De Maio até ao final de Agosto.
Distribuição Mundial: Endémica da Península Ibérica e do sudoeste de França

Platycnemis latipes macho

Platycnemis latipes fêmea

Coenagrionidae

É uma família com ampla distribuição mundial, sendo a família de libelinhas dominante da Europa. A nível mundial estão descritos 95 géneros, 7 deles presentes na Europa. Em Portugal, estão confirmadas 12 espécies pertencentes a 6 géneros.


Ceriagrion tenellum (De Villers, 1789)
(Small Red Damselfly; L’Agrion délicat; Späte Adonislibelle)
Identificação: Assemelha-se à espécie Pyrrhossoma nymphula em termos de coloração, mas é de muito menor tamanho e muito mais franzina. As patas e o pterostigma são avermelhados, em ambos os sexos. No macho o abdómen é totalmente vermelho e na fêmea poderão surgir 3 formas distintas: forma melanogastrum – abdómen praticamente todo negro; forma typica – segmentos abdominais 1 a 3 e 9 e 10 vermelhos e os restantes negros; e forma erythrogastrum – muito semelhante ao macho com abdómen totalmente vermelho.
Comprimento Total: 25-35mm
Comprimento Abdómen: 22-30mm
Comprimento Asa Posterior: 15-21mm
Habitat: Desenvolve-se sobretudo em pequenos cursos de água ou charcos com alguma vegetação aquática.
Período de Voo: De Abril a Outubro.
Distribuição Mundial: Está bastante distribuída pela zona mediterrânica mais ocidental, chegando igualmente às Ilhas Britânicas e alguns países da Europa Central.

Ceriagrion tenellum macho

Enallagma cyathigerum (Charpentier, 1840)
(Common Blue Damselfly; L’Agrion port-coupe; Becher-Azurjungfer)
Identificação: Tal como a denominação comum indica é uma espécie azulada. O macho possui uma mancha preta no 2º segmento abdominal em forma de “cogumelo” e os segmentos 8 e 9 totalmente azuis. A fêmea pode apresentar pelo menos 3 colorações (azul, amarela ou cinzenta-esverdeada), mas possui manchas em forma de “torpedo” ao longo da face dorsal do abdómen, distintivas da espécie.
Comprimento Total: 29-36 mm
Comprimento Abdómen: 22-28 mm
Comprimento Asa Posterior: 15-21 mm
Habitat: Todos os tipos de lagos, charcos e cursos de água lenta. Poderão localmente atingir grandes concentrações.
Período de Voo: De Final de Abril até Outubro. No sul da Europa normalmente emergem duas gerações por ano.
Distribuição Mundial: É uma das espécies mais espalhadas pela Europa, podendo encontrar-se desde o círculo polar Árctico até às montanhas do Atlas em Marrocos. É uma espécie presente também na América do Norte e na Ásia Oriental até à Mongólia.

Enallagma cyathigerum casal

Pyrrhosoma nymphula (Sulzer, 1776)
(Large Red Damselfly; La Petite Nymphe au corps de feu; Frühe Adonislibelle)
Identificação : É uma das primeiras espécies a surgir na Primavera, sendo a única espécie deste género presente em Portugal. É facilmente reconhecida pela coloração avermelhada e preta do seu corpo, que apenas aparece numa outra espécie (Ceriagrion tenellum). Distingue-se desta última pela maior robustez e pela coloração totalmente preta das suas patas. O tórax é preto com linhas vermelhas (amareladas nos indivíduos jovens) e o abdómen vermelho com os últimos segmentos a apresentarem coloração preta. A fêmea poderá apresentar 3 formas que diferem na extensão da coloração vermelha e preta dos seus corpos: forma typica – os segmentos abdominais 2 a 6 são vermelhos com uma linha dorsal preta que se alarga transformando-se numa mancha no final de cada segmento, possui ainda no inicio de cada segmento uma pequena mancha amarela; forma fluvipes – muito semelhante ao macho possui os segmentos 7 e 8 totalmente pretos; forma melanotum – abdómen quase totalmente preto e tórax com linhas amarelas.
Comprimento Total : 33-36 mm
Comprimento Abdómen : 25-30 mm
Comprimento Asa Posterior : 19-24 mm
Habitat : Grande diversidade de cursos de água, sendo mais abundante nos locais de água estagnada com abundante vegetação aquática.
Período de Voo : De Abril a Agosto.
Distribuição Mundial: Bastante comum no norte da Europa é menos abundante no sul e praticamente ausente das ilhas mediterrânicas.

Pyrrhosoma nymphula macho

Ischnura graellsii (Rambur, 1842)
(Iberian Bluetail; L’Agrion de Graells; Spanische Pechlibelle)
Identificação : Esta espécie possui um corpo delgado, asas relativamente curtas e coloração azul no 8º segmento abdominal. Tal como noutras espécies do género a fêmea pode ter diferentes colorações que são dependentes, igualmente, da idade. A diferenciação entre espécies deste género é apenas possível através da observação mais atenta dos caracteres sexuais e da parte superior do tórax e mais próxima da cabeça (o pronotum). A espécie pode ser confundida com a I. elegans (existem registos de hibridação entre as espécies na Galiza), contudo em Portugal a presença de I. elegans não está confirmada.
Comprimento Total : 26-31 mm
Comprimento Abdómen : 20-25 mm
Comprimento Asa Posterior : 13-19 mm
Habitat : Todos os tipos de cursos de água.
Período de Voo : De Março a Novembro, normalmente com duas gerações anuais.
Distribuição Mundial: Península Ibérica e Norte de África.

Ischnura graellsii fêmea

Ischnura pumilio (Charpentier, 1825)
(Small Bluetail; L’Agrion nain; Kleine Pechlibelle)
Identificação: É uma das espécies mais pequenas da Europa. Distingue-se das outras espécies do género pelo pterostigma notavelmente maior na asa anterior em relação à asa posterior; pela coloração azul de metade do 8º segmento e da totalidade do 9º segmento abdominal (nas outras espécies o 8º é o mais azulado) e, ainda pela coloração do abdómen da fêmea, sem a mancha característica no segmentos 8 e/ou 9. A fêmea imatura apresenta a cabeça e o tórax praticamente todo laranja, tal como os segmentos abdominais 1-a 3 e 9 e 10. A fêmea adulta é normalmente esverdeada com grandes marcas pretas, mas pode ser também azul ou, embora verde, não apresentar marcas pretas.
Comprimento Total: 26-31 mm
Comprimento Abdómen: 22-25 mm
Comprimento Asa Posterior: 14-18 mm
Habitat: Pontos de água recém-criados com abundante vegetação aquática. Pode ser localmente muito abundante numa grande variedade de habitats, como charcos temporários e diques.
Período de Voo: Março a Outubro, com pelo menos 2 gerações anuais.
Distribuição Mundial: A sua distribuição estende-se desde as ilhas da Madeira e dos Açores até à Mongólia.

Ischnura pumilio fêmea

  
Erythromma lindenii (Selys, 1840)
(Blue-eye; L’Agrion de Vander Linden; Pokaljungfer)
Identificação: É bastante parecida com Enallagma cyathigerum e Coenagrion puella. Distingue-se pela mancha preta característica no 2º segmento abdominal de ambos os sexos, pela forma das manchas também pretas nos segmentos abdominais 3 a 6 dos machos, pelos apêndices abdominais superiores do macho bastante cumpridos e negros e pelos apêndices pálidos da fêmea. Em termos de coloração o macho é azul com as referidas manchas escuras, enquanto a fêmea possui cabeça, tórax e base do abdómen de cor amarela-acizentada, os segmentos centrais de cor azul e o final do abdómen de cor castanho pálido. Todo o abdómen é percorrido por uma linha preta.
Comprimento Total: 30-36 mm
Comprimento Abdómen: 24-28 mm
Comprimento Asa Posterior: 19-21 mm
Habitat: Grandes corpos de água com abundante vegetação aquática.
Período de Voo: De Março a Outubro.
Distribuição Mundial: Espécie abundante em ambas as costas do mar mediterrânico, começa a expandir-se lentamente para norte.

Erythomma lindenii macho

Erythromma viridulum (Charpentier, 1840)
(Small Redeye; La náiade au corps vert; Kleines Granatauge)
Identificação: Única espécie de libelinha com ocorrência em Portugal com corpo azul e olhos vermelhos. No macho o abdómen é preto nos segmentos 2 a 8 e os restantes azuis. O segmento 10 possui uma marca preta que em conjunto com os apêndices superiores formam uma marca em forma de X. A fêmea, ao contrário da Erythromma lindenii possui coloração azulada no tórax e na base do abdómen.
Comprimento Total: 26-32 mm
Comprimento Abdómen: 22-25 mm
Comprimento Asa Posterior: 16-20 mm
Habitat: Prefere pontos de água estagnada eutróficos e cobertos por vegetação aquática.
Período de Voo: De Maio a Setembro.
Distribuição Mundial: Ocorre por quase toda a Europa à excepção da zona nordeste.

Coenagrion caerulescens (Fonscolombe, 1838)

(Mediterranean Blue Damselfly; L’Agrion bleuâtre; Südliche Azurjungfer)

Identificação: Esta espécie é sobretudo diferenciável pelos apêndices sexuais do macho que apresentam ganchos bastante estreitos e longitudinalmente com comprimento semelhante ao 10º segmento abdominal e pelo pronotum, que na fêmea apresenta-se projectado em forma de "V" invertido, na sua base. O pterostigma em ambos os sexos assemelha-se a um triângulo.

Comprimento Total: 30-33 mm

Comprimento Abdómen: 18-27 mm

Comprimento Asa Posterior: 14-21 mm

Habitat: Canais, ribeiras e rios soalheiros com vegetação abundante.

Período de Voo: De Maio a Outubro.

Distribuição Mundial: Abundante na zona oeste do mediterrânico, sobretudo no norte de África.

Coenagrion mercuriale (Charpentier, 1840)

(Mercury Blue Damselfly; L’Agrion de Mercure; Helm-Azurjungfer)

Identificação: É a espécie mais pequena do género. A mancha do 2º segmento abdominal do macho lembra “capacete de batalha de Mercúrio (Deus grego da guerra) ”. A fêmea é escura e apenas diferenciável através do pronotum. Em ambos os sexos, o pterostigma é preto no centro e mais pálido nas bordas.

Comprimento Total: 27-31 mm

Comprimento Abdómen: 19-27 mm

Comprimento Asa Posterior: 12-21 mm

Habitat: Cursos de água corrente bastante soalheiros com vegetação ribeirinha e aquática rica.

Período de Voo: De Março a Setembro.

Distribuição Mundial: Comum no sul da Europa, estende a sua distribuição para norte até às ilhas britânicas.

Coenagrion puella (Linnaeus, 1758)

(Azure Blue Damselfly; L’Agrion jouvencelle; Hufeisen-Azurjungfer)

Identificação: O macho possui uma mancha preta em forma de "U" no 2º segmento abdominal. As restantes manchas negras do abdómen estendem-se lateralmente quase até ao segmento precedente. Ainda no macho, os apêndices sexuais superiores estão bastante distanciados. Relativamente à fêmea, o abdómen é praticamente todo preto apresentando algumas manchas de cor azul ou verde. O pronotum é a melhor forma de a diferenciar.

Comprimento Total: 33-35 mm

Comprimento Abdómen: 22-31 mm

Comprimento Asa Posterior: 15-24 mm

Habitat: Grande variedade de cursos de água, preferindo a presença de vegetação aquática.

Período de Voo: De Abril a Setembro.

Distribuição Mundial: Uma das mais abundantes do género, distribui-se por quase toda a Europa até à Ásia Central.

Coenagrion puella macho

Coenagrion pulchellum (Vander Linden, 1825)
(Variable Blue Damselfly; L'Agrion gracieux; Fledermaus-Azurjungfer)
Identificação: Muito semelhante à espécie Coenagrion puella. A mancha no 2º segmento abdominal do macho é mais em forma de "Y". A forma em "W invertido" do pronotum, visível em ambos os sexos e as manchas superiores do tórax (antehumeral stripes) interrompidas, formando uma espécie de ponto de exclamação (!) são também características únicas da espécie.
Comprimento Total: 34-38 mm
Comprimento Abdómen: 23-32 mm
Comprimento Asa Posterior: 16-23 mm
Habitat: Grande variedade de cursos de água parada ou de fluxo lento, com vegetação abundante.
Período de Voo: De Abril a meados de Setembro.
Distribuição Mundial: Bastante espalhada pela Europa, sendo mais comum no centro e norte. Aparece igualmente no oeste da Ásia.


Coenagrion scitulum (Rambur, 1842)
(Dainty Blue Damselfly; L’Agrion mignon; Gabel-Azurjungfer)
Identificação: A mancha do segmento abdominal lembra a “cara de um gato”. O pterostigma desta espécie é alongado e mais pálido que noutras deste género. Os apêndices sexuais do macho são também característicos, sendo claramente mais largos do que longos e apresentando-se extremamente encurvados. A fêmea pode apresentar colorações azuladas, esverdeadas ou acastanhadas com manchas negras em forma de torpedo na face dorsal do abdómen.
Comprimento Total: 30-33 mm
Comprimento Abdómen: 20-27 mm
Comprimento Asa Posterior: 14-20 mm
Habitat: Cursos de água estagnada ou de caudal lento com abundante vegetação aquática.
Período de Voo: De Abril a Setembro.
Distribuição Mundial: Aparece localmente no sul da Europa até ao Irão.

Lestidae

Na Europa estão identificados dois géneros pertencentes à família Lestidae (Lestes e Sympecma). Do género Lestes fazem parte 7 espécies, 5 delas com distribuição comprovada em Portugal. Os indivíduos deste género possuem normalmente uma coloração verde metálica e ao contrário das outras libelinhas (Zygoptera), mantêm as asas abertas, quando pousados. O género Sympecma tem a particularidade de passar o período invernal na forma adulta, distinguindo-se de todos os outros Odonata, na Europa. Em Portugal está confirmada a presença de uma espécie.

Lestes barbarus (Fabricius, 1798)
(Southern Emerald Damselfly; Le Leste sauvage; Südliche Binsenjungfer)
Identificação: Esta espécie distingue-se sobretudo pelo pterostigma bicolor, embora nalguns indivíduos essa característica não esteja evidenciada. Compartilha a coloração amarelada da parte de trás da cabeça, junto à inserção do pescoço, com a L. virens, mas é relativamente maior que esta última e para além disso possui coloração amarelada na parte dorsal dos segmentos 9 e 10 do abdómen. Esta última característica pode estar escondida pelo tom azul claro que alguns machos maduros apresentam. A forma e coloração dos cercos do macho e do ovopositor na fêmea são também distintivas da espécie.
Comprimento Total: 40-45mm
Comprimento Abdómen: 26-35mm
Comprimento Asa Posterior: 20-37mm
Habitat: Esta espécie é típica de cursos de água estagnada reproduzindo-se por vezes em áreas completamente secas.
Período de Voo: De Março a Outubro.
Distribuição Mundial: É uma espécie típica da zona Sul e Centro da Europa, estendendo-se a sua distribuição para Este até à Mongólia. Aparentemente parece estar a expandir-se para Norte.

Lestes dryas Kirby, 1890
(Scarce emerald damselfly; Le Leste dryade; Glänzende Binsenjungfer)
Identificação: É uma espécie muito similar a L. sponsa que não ocorre em Portugal. É diferenciada desta, sobretudo pela forma dos apêndices abdominais inferiores do macho e do ovopositor da fêmea e pela coloração metalizada do pró-torax. Relativamente às outras espécies, distingue-se pela coloração azulada forte dos olhos e pelo pterostigma preto relativamente mais pequeno, aliadas à coloração esverdeada do corpo. Nos machos maduros, os segmentos abdominais 1, 9, 10 e parte do 2 podem apresentar-se azul claro.
Comprimento Total: 40-45mm
Comprimento Abdómen: 26-35mm
Comprimento Asa Posterior: 20-37mm
Habitat: Esta espécie pode ser encontrada sobretudo em pontos de água estagnada com abundante vegetação aquática.
Período de voo: De Abril a Outubro, com maior abundância em Julho e Agosto.
Distribuição Mundial: É uma espécie que ocorre por toda a Europa, sendo menos abundante na região Norte. É a única espécie europeia deste género que ocorre também na América do Norte.

Lestes macrostigma (Eversmann, 1836)
(Dark Spreadwing; Le Leste à grands stigmas; Dunkle Binsenjungfer)
Identificação: É maior e mais robusta que as outras espécies do seu género, exibindo uma coloração do corpo mais escura. O pterostigma é preto e notavelmente largo. Tal como nas outras espécies, a forma e coloração dos cercos masculinos e do ovopositor na fêmea, permite a sua diferenciação específica.
Comprimento Total: 39-48mm
Comprimento Abdómen: 31-38mm
Comprimento Asa Posterior: 24-27mm
Habitat: Pontos de água estagnada com vegetação densa junto à costa, como salinas abandonadas e charcos dunares.
Período de voo: De Março a Setembro.
Distribuição Mundial: Bastante localizada junto à costa mediterrânica, estendendo-se contudo até às estepes da Mongólia. Na Europa, as planícies húngaras são o habitat interior em que a espécie aparece mais intensamente.

Lestes virens (Charpentier, 1825)
(Small Spreadwing, Le Leste verdoyant; Kleine Binsenjgungfer)
Identificação: É a espécie mais delicada deste género. Tal como a espécie L.barbarus possui coloração amarelada na parte posterior e inferior da cabeça, mas distingue-se desta última pelo pterostigma uniformemente castanho amarelado. Os corpos de ambos os sexos são verde metálicos, embora o macho maduro possua os segmentos 9 e 10 de cor azul clara. Duas subespécies ocorrem na Europa: L.virens vestalis, na região norte e L.virens virens na zona sul. Poderão ainda existir formas intermédias nos Balkans orientais e na Turquia.
Comprimento Total: 30-39mm
Comprimento Abdómen: 25-32mm
Comprimento Asa Posterior: 19-23mm
Habitat: Grande variedade de charcos temporários com vegetação aquática.
Período de voo: De Abril a Novembro.
Distribuição Mundial: Encontra-se por toda a Europa, excepto na zona mais setentrional e, ainda, na Ásia e no Norte de África.

Lestes viridis (Vander Linden, 1825)
(Willow Emerald Damselfly; Le Leste vert; Weidenjungfer)
Identificação: Alguns autores colocam esta espécie no género Chalcolestes. É uma espécie bastante comprida, relativamente às outras espécies deste género. O abdómen é totalmente verde escuro metálico e o pterostigma comprido e amarelado. Possui uma marca característica no tórax que a distingue de outras espécies. Os apêndices abdominais superiores do macho são esbranquiçados. É a única espécie europeia que deposita os ovos em madeira viva.
Comprimento Total: 39-48mm
Comprimento Abdómen: 29-39mm
Comprimento Asa Posterior: 23-28mm
Habitat: Qualquer ponto de água estagnada com vegetação ribeirinha. Por vezes é observada pousada em árvores e arbustos longe da água.
Período de voo: De Maio a Novembro.
Distribuição Mundial: Distribui-se por grande parte da Europa, excepto no Reino Unido e na Escandinávia.

Lestes viridis macho

Sympecma fusca (Vander Linden)
(Commom Winter Damselfly; Le Leste brun; Gemeine Winterlibelle)
Identificação: É uma espécie bastante comum, mas não muito fácil de ser avistada. O corpo é acastanhado com marcas escuras na parte superior da cabeça, abdómen e tórax. O pterostigma é longo e castanho. Na Primavera os indivíduos adultos adquirem um padrão azul na parte superior dos olhos.
Comprimento Total: 34-39mm
Comprimento Abdómen: 25-30mm
Comprimento Asa Posterior: 18-23mm
Habitat: Qualquer ponto de água estagnada com abundante vegetação ribeirinha.
Período de voo: Durante todo o ano, com dois períodos de maior actividade Abril/Maio e Agosto/Setembro.
Distribuição Mundial: Bastante comum em grande parte da Europa, estende-se até à Ásia central. É rara na região norte embora esteja a expandir-se rapidamente.

Calopterygidae

Inicio aqui uma rubrica que fará uma breve caracterização das várias espécies de odonata que ocorrem em Portugal. A descrição destacará alguns aspectos anatómicos e comportamentais de cada uma das espécies abordadas, baseada nos trabalhos de Dijkstra & Lewington, 2006; D'Aguilar & Dommanget, 1998 e Askew, 2004.

CALOPTERYGIDAE
É uma família com ampla distribuição nas regiões temperadas e tropicais, conhecendo-se até ao momento 16 géneros dos quais fazem parte cerca de 161 espécies. Na Europa ocorrem apenas espécies do género Calopteryx sendo que em Portugal estão referenciadas 3 espécies.

Calopteryx haemorrhoidalis (Vander Linden, 1825)
(Copper Demoiselle; Le Caloptéryx hémorroïdal; Bronzene Prachtlibelle)
Identificação: É uma espécie facilmente reconhecida pelo tom avermelhado do corpo e pelas largas asas escuras do macho. A face ventral da parte terminal do abdómen é rosa vivo. Nas fêmeas o corpo é verde metálico e as asas, na sua maioria claras, possuem na extremidade uma parte acastanhada opaca, na qual sobressai o pseudopterostigma claro. Em ambos os sexos, as tíbias são vermelho-acastanhadas (pretas nas duas espécies seguintes).
Comprimento Total: 45-48mm
Comprimento Abdómen: 30-43mm
Comprimento Asa Posterior: 23-37mm
Habitat: Cursos de água límpida e com sombra. Igualmente encontrada em grandes corpos de água.
Período de Voo: De Maio a Setembro.
Distribuição Mundial: Presente apenas na região Oeste do Mediterrâneo.

Calopteryx haemorrhoidalis macho

Calopteryx virgo meridionalis (Selys, 1873)
(Beautiful Demoiselle; Le Caloptéryx vierge; Blauflügel Prachtlibelle)
Identificação: Esta espécie é a maior e mais escura do género Calopteryx. O corpo do macho é azul e o da fêmea é verde, ambos metálicos. No macho, a face ventral dos últimos segmentos abdominais é alaranjada com marcas pretas (característica desta espécie). As asas da fêmea são cor de âmbar com um ponto branco (o pseudopterostigma) a pouca distância da extremidade da asa e as do macho são (quase) totalmente pigmentadas. Devido à coloração das asas podem ser distinguidas três subespécies: Calopteryx virgo virgo, C. v. festiva e C. v. meridionalis. Esta última está presente no nosso país e possui asas pigmentadas à excepção de uma faixa que se estende desde a base até metade da distância entre a base e o nódulo da asa.
Comprimento Total: 45-49mm
Comprimento Abdómen: 31-42mm
Comprimento Asa Posterior: 24-36mm
Habitat: Cursos de água límpida e bem oxigenada, normalmente pequenos e ensombrados. Bastante sensível ao corte de vegetação ribeirinha e também à poluição da água. A sua presença revela, normalmente, uma boa qualidade do habitat.
Período de Voo: De Maio a final de Setembro.
Distribuição Mundial: Localmente comum estendendo-se praticamente por toda a Europa, à excepção de algumas zonas mais a Sul. As suas subespécies estendem-se pela Ásia até ao Japão.

Calopteryx virgo fêmea

Calopteryx virgo macho

Calopteryx xanthostoma (Charpentier, 1825)
(Western Demoiselle; Le Caloptéryx oust-méditerranéen; Südwestliche Prachtlibelle)
Identificação: Para alguns autores esta espécie é considerada uma subespécie da espécie Calopteryx splendens. Contudo, testes genéticos mostraram que era uma espécie distinta. É uma espécie que pode chegar aos 48mm de comprimento do corpo e 31mm de asa. O macho possui corpo azul metálico com a parte ventral dos três últimos segmentos de cor amarelada. As asas dos machos são pigmentadas desde o nódulo até à extremidade da asa. As fêmeas possuem o corpo verde metálico com os últimos segmentos abdominais de cor castanha. As asas da fêmea são hialinas.
Comprimento Total: 45-48mm
Comprimento Abdómen: 35-37mm
Comprimento Asa Posterior: 28-31mm
Habitat: Habita sobretudo cursos de água corrente, mas também as zonas calmas dos grandes rios.
Período de Voo: De Abril a Setembro.
Distribuição Mundial: Presente apenas na Península Ibérica e no Sul de França.

Calopteryx xanthostoma macho

Calopteryx xanthostoma casal

Odonata – As espécies de Portugal

Estão para já identificadas 5700 espécies de Odonata a nível mundial. A grande maioria habita as zonas tropicais, ocorrendo na Europa cerca de 120 espécies, distribuídas por 9 famílias. Em Portugal e de acordo com Ferreira et al, 2006, estão referenciadas 65 espécies de Odonata. Aqui fica a listagem de espécies com ocorrência comprovada em Portugal:

LISTA DE ESPÉCIES DE PORTUGAL
Calopterygidae
Calopteryx haemorrhoidalis (Vander Linden)
virgo meridionalis Selys
xanthostoma (Charpentier)
Lestidae
Lestes barbarus (Fabricius)
dryas Kirby
macrostigma (Eversmann)
virens (Charpentier)
viridis (Vander Linden)
Sympecma fusca (Vander Linden)
Coenagrionidae
Ceriagrion tenellum (de Villers)
Coenagrion caerulescens (Fonscolombe)
mercuriale (Charpentier)
puella (Linnaeus)
pulchellum (Vander Linden)
scitulum (Rambur)
Enallagma cyathigerum (Charpentier)
Erythromma lindenii (Selys)
viridulum (Charpentier)
Ischnura graellsii (Rambur)
pumilio (Charpentier)
Pyrrhosoma nymphula (Sulzer)
Platycnemididae
Platycnemis acutipennis Selys
latipes Rambur

Aeshnidae
Aeshna affinis Vander Linden
cyanea (O.F. Müller)
isoceles (O.F. Müller)
juncea (Linnaeus)
mixta Latreille
Anax ephippiger (Burmeister)
imperator Leach
parthenope Selys
Boyeria irene (Fonscolombe)
Brachytron pratense (O.F. Müller)
Gomphidae
Gomphus graslinii Rambur
pulchellus Selys
simillimus Selys
Onychogomphus costae Selys
forcipatus unguiculatus (Vander Linden)
uncatus (Charpentier)
Paragomphus genei (Selys)
Cordulegastridae
Cordulegaster boltonii (Donovan)
Corduliidae
Macromia splendens (Pictet)
Oxygastra curtisii (Dale)
Libellulidae
Brachythemis leucosticta (Burmeister)
Crocothemis erythraea (Brullé)
Diplacodes lefebvrii (Rambur)
Libellula depressa Linnaeus
fulva O.F. Müller
quadrimaculata Linnaeus
Orthetrum brunneum (Fonscolombe)
cancellatum (Linnaeus)
chrysostigma (Burmeister)
coerulescens (Fabricius)
nitidinerve (Selys)
trinacria (Selys)
Selysiothemis nigra (Vander Linden)
Sympetrum flaveolum (Linnaeus)
fonscolombii (Selys)
meridionale (Selys)
sanguineum (O.F. Müller)
striolatum (Charpentier)
Trithemis annulata (Palisot de Beauvois)
Zygonyx torridus (Kirby)

Odonata – Habitat e Distribuição

Os Odonata distribuem-se por todos os Continentes, com a excepção da Antárctida, e estão normalmente associados ao habitat aquático. Embora os Odonata adultos possam ser encontrados nos mais variados locais e em qualquer altura do dia, são mais facilmente avistados junto de cursos de água doce e a meio do dia.

A escolha de habitat por parte dos Odonata depende sobretudo da água. Espécies pertencentes às famílias Platycnemidae e Gomphidae, estão quase exclusivamente associadas a água corrente, enquanto as famílias Coenagrionidae e Libellulidade estão restritas a habitats de águas paradas. Algumas espécies não suportam à dissecação do seu habitat e as flutuações de temperatura que estão associadas à alteração dos níveis de água, enquanto outras com rápido crescimento da ninfa ou ovos e ninfas resistentes à seca, conseguem sobreviver em lamacentos e efémeros charcos (por ex.: Lestes, Sympetrum). A vegetação aquática e ribeirinha fornece locais de pouso, descanso, postura e habitat para as ninfas. Desta forma, a sua presença/ausência e estrutura poderão influenciar a distribuição das espécies de Odonata. Algumas variáveis ambientais, como o pH, a condutividade, a temperatura e o oxigénio dissolvido, podem influenciar, igualmente, a distribuição das espécies. Condições extremas como lagos acidificados ou eutróficos suportam normalmente um elevado número de indivíduos pertencentes a uma reduzida quantidade de espécies, enquanto às condições intermédias, está associada maior diversidade de espécies especialistas. Factores como o parasitismo, a predação e a competição entre espécies pelos recursos, desempenham igualmente um importante papel na escolha de um habitat que permita a sobrevivência destes animais.
Nas regiões temperadas, a estação quente é normalmente demasiado curta para que ocorra a emergência de mais do que uma geração por ano, mas existe uma notável dicotomia entre espécies. Quando a água começa a aquecer, na Primavera, surgem em grande número sobretudo as espécies de crescimento rápido. São conhecidas como as espécies primaveris (“spring species”). As espécies que passam o Inverno sob a forma de ovo ou as espécies com crescimento mais lento, eclodem apenas numa fase mais avançada da estação quente e são chamadas de espécies estivais (“summer species”). Na Europa existe ainda uma espécie que, em condições favoráveis, possui duas gerações por ano (Sympetrum fonscolombii) e uma outra que dependendo do tempo de desenvolvimento na fase de ninfa, pode ser considerada primavil ou estival (Anax imperator).
Algumas espécies executam longas migrações que as levam a atravessar vários países e por vezes até continentes. A sua direcção segue uma linha directa e os obstáculos não são contornados mas sim sobrevoados, tendo sido detectadas espécies a mais de 5000 metros de altitude.