terça-feira, 9 de setembro de 2008

Odonata – Anatomia de um predador

As ninfas de Odonata são extremamente difíceis de diferenciar, especialmente ao nível da espécie. Como em todos os insectos, o corpo divide-se em três partes: cabeça, tórax e abdómen. Ao contrário dos adultos, a cabeça é pouco móvel e os olhos de dimensões reduzidas. O seu aparelho bucal, único no mundo dos insectos, é constituído por um par de mandíbulas, por um par de maxilas e por um lábio preênsil que se estende rapidamente e permite a captura das presas. Este conjunto de órgãos é vulgarmente designado por “máscara” e apresenta variadas formas que, em conjunto com o tamanho dos filamentos que constituem as reduzidas antenas destes animais, permite a diferenciação de espécies. Ao tórax apresentam-se ligadas 3 pares de patas com morfologia muito semelhante às do adulto, sendo a locomoção a sua grande função. Na parte dorsal do tórax estão localizadas as 4 “almofadas alares" que darão origem às asas do imago. O abdómen é constituído por 10 segmentos. Nas libelinhas é fino, cilíndrico e alongado, enquanto que nas libélulas é bem mais volumoso e largo. O número de apêndices anais é também diferente nas duas subordens. Nas libelinhas são constituídos por duas lamelas caudais laterais ou “paraproctes” e por uma lamela caudal mediana ou “epiprocte”. Nas libélulas os apêndices anais formam uma pirâmide anal que se divide em 2 cercos (ou cercoides), 2 “paraproctes” e um “epiprocte”.

O adulto é bem mais fácil de diferenciar, muito embora algumas espécies apenas possam ser distinguidas por detalhes na sua morfologia. Em termos gerais, o adulto à semelhança da ninfa apresenta o corpo dividido em cabeça, tórax e abdómen. Na cabeça, estão localizados os olhos. Nas libelinhas os olhos compostos estão claramente separados e localizados nos dois lados da cabeça, enquanto que nas libélulas os olhos ocupam quase a totalidade da cabeça, estando em contacto numa considerável distância. Estes são constituídos por milhares de omatídeos que permitem aos Odonata possuírem uma visão de 360º. O tórax divide-se em duas partes. O “protórax” é de reduzidas dimensões e suporta a cabeça e o par de patas anterior. O “sintórax” é bastante volumoso e suporta as patas medianas e posteriores e as asas. As patas apresentam diferentes colorações, largura e quantidade de pelos, que permitem a diferenciação de espécies. Estão dispostas para a frente para permitir capturar as presas. As asas em número de 4 (2 anteriores e 2 posteriores) são poderosas e flexíveis, encontrando-se revestidas por inúmeras nervuras cuja disposição e tamanho permitem a diferenciação de espécies. O abdómen é normalmente cilíndrico e fino, podendo apresentar-se curto e largo nalgumas espécies de libélulas. Apresenta variadas cores e padrões e encontra-se dividido em 10 segmentos. É também aqui que estão situados os órgãos reprodutores. O macho possui os testículos no interior do nono segmento abdominal e o aparelho sexual secundário (constituída pelo pénis e pela bolsa receptáculo de esperma) no segundo segmento, enquanto que a fêmea apresenta os seus órgãos reprodutores nos oitavo e nono segmentos. No final do abdómen, os machos possuem umas estruturas designadas por “cercos” que permitem agarrar a fêmea durante o acasalamento.

Curiosidades:
"Aqui fica o peso corporal de algumas espécies de Odonata:
Calopteryx virgo – 91mg
Pyrrhosoma nymphula – 38mg
Ischnura elegans – 20mg
Anax imperator – 1200mg
Libellula depressa – 245mg
Sympetrum striolatum – 232mg"

Fonte: Askew, R.R. 2004. The Dragonflies of Europe (Revised Edition).Harley books
Dijkstra, K.B. (Editor) & Lewington, R. (Illustrated).2006. Field Guide of the Dragonflies of Britain and Europe. British Wildlife Publishing

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