As libélulas desde sempre cativaram os humanos com o seu voo
maravilhoso, as suas cores e formas vibrantes. Por todo o mundo foram
aparecendo mitos e lendas associadas que ora as associam ao diabo e ao mal, ora
as enaltecem e as honram.
A reputação das libélulas talvez tenha sido manchada no
século XV quando, na Europa, estes insetos foram associados às serpentes e ao
Diabo e eram realmente animais temidos. Os ingleses chamavam-lhes “hos-stingers” e os australianos “horse-stingers”. Crê-se que esses nomes
advenham do facto de as libélulas andarem à volta dos cavalos enquanto estes se
mexiam muito e saltavam. Acreditava-se que as libélulas mordiam os cavalos. Na
verdade quem provocava tal alvoroço eram outros insetos (moscas, moscardos,
melgas) dos quais as libélulas se alimentavam. As libélulas são ainda designadas
por “Devil’s Darning Needle”, devido
a uma cómica superstição sobre a capacidade destas coserem as bocas fechadas
das crianças mal comportadas durante o sono.
No folclore sueco, as libélulas são chamadas de “Blindsticka” ou “Blind Stingers” e são capazes de arrancar os olhos humanos. Os
Suecos acreditavam ainda que as libélulas eram usadas pelo Diabo para pesar as
almas das pessoas (daí chamados de “Balanças do Diabo”). Ainda hoje diz-se que
se uma libélula sobrevoar a cabeça de alguém, então esse alguém pode esperar um
grande mal. Os Italianos acreditavam que o Satanás enviou as libélulas diretamente
do Inferno para causar o mal no mundo. Na Roménia acredita-se que as libélulas
foram, outrora, cavalos possuídos pelo diabo. No Taiti as libélulas eram consideradas a sombra de Hiro, o deus dos ladrões. Um ladrão largava uma libélula numa casa
que pretendia assaltar e o insecto cintilante atordoaria de tal forma os donos
da casa que estes nem se apercebiam que estavam a ser roubados.
Mas a sua conotação não é apenas maligna. Também na Suécia, as
libélulas simbolizavam a deusa do amor “Freya”.
No Japão simbolizam a vitória nas batalhas. Um dos seus nomes é “katsumushi”, o inseto invencível.
Obviamente era um dos símbolos favoritos entre os guerreiros japoneses e os
samurais incorporavam muitas vezes o desenho de libélulas no seu armamento. Diz
uma lenda que o Imperador do Japão foi mordido por um moscardo que mais tarde
foi comido por uma libélula. Para homenagear a libélula ele chamou ao Japão “Akitsushima” ou “A ilha da libélula”. Ainda no Japão as libélulas são símbolo de
sucesso, vitória, felicidade, força e coragem. Durante o século XI, as famílias
da nobreza japonesa usavam as libélulas como ornamento em quase tudo, desde
loiças até aos têxteis. Na China as libélulas são consideradas símbolos do
Verão, mas também da instabilidade e fragilidade. Nalgumas partes da Ásia e
Índias Orientais as libélulas são verdadeiras iguarias. As crianças da Ilha de
Lombok, na Indonésia, apanham libélulas ao longo dos cursos de água e
fritam-nas com óleo de coco, legumes e especiarias. Na Tailândia, Laos e
noutras partes da Ásia Oriental, as larvas de libélula são servidas assadas.
Os índios “Navaho”
acreditam que as libélulas são o símbolo da pureza da água e fazem referências
suas em diversos textos e peças de joalharia. Na cultura índia “Zuni” do Novo México as libélulas são
consideradas criaturas xamânicas com poderes sobrenaturais. Uma das mais interessantes
histórias acerca de libélulas é um mito ”Zuni”
sobre duas crianças adormecidas que ao acordarem descobrem que foram deixadas
para trás pelos seus pais e restantes vizinhos que foram procurar comida porque
as suas culturas de milho tinham sido devastadas por uma terrível maldição. Com
o passar do tempo, o pequeno rapaz construiu um brinquedo em forma de libélula
para animar a sua irmã. Entretanto o brinquedo ganhou vida transformando-se numa
libélula verdadeira. Diz a lenda que a libélula acalmou as fadas do milho e
estas criaram uma abundante colheita que fez com que a família e
vizinhos das duas crianças voltassem.
Algumas sociedades acreditam ainda, que as libélulas simbolizam a
emoção e a paixão dos primeiros anos de vida e o equilíbrio e clareza que se
adquire com a idade. A iridescência e o reflexo dos seus corpos e asas
simbolizam uma visão clara para as realidades da vida, autodescoberta e perda
de inibições. Maturidade, Poder, Força do Momento e Visão Global são outras características associadas às libélulas.
1 comentário:
Muito interessante!
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